domingo, 14 de outubro de 2007

Luis Sena Esteves

"A qualidade da Arquitectura que fazemos não vai a votos. A tão propalada vertente cultural subjacente às actividades desenvolvidas pela AO, de inquestionável interesse, é tão "sómente" um dos capítulos de uma questão maior: a actividade que exercemos. Não acho seguramente que a Ordem exista para "explicar", para "modelar" como fazemos Arquitectura, mas sem dúvida para debater e defender as condições em que a fazemos. Convenhamos, as condições em que fazemos Arquitectura hoje, são ainda lamentáveis e isso decorre, como todos sabemos, do pouco reconhecimento que temos junto do público em geral e em particular dos poderes instalados. O reconhecimento existente é ainda excessivamente epidérmico, superficial, e decorre muito mais do trabalho, de visibilidade internacional, de alguns dos seus melhores interpretes, do que da actividade desenvolvida pela Ordem.
Parecem-me por isso pouco profícuas as acções levadas a cabo nos últimos anos pelos corpos directivos, demasiado "encerradas" entreportas, pouco abertas ao exterior, e ainda assim pouco congregadoras entre os seus membros. São portadoras de um discurso hermético, pouco inclusivo, as mais das vezes factor de divisão. A valorização daquilo que fazemos, passa pela melhoria das condições em exercemos a nossa actividade e isso só se alcança, pelo nosso reforço enquanto classe profissional, congregando esforços, desenvolvendo acções no plano do concreto, provavelmente, segundo alguns, de âmbito pouco elevado, mas sem dúvida de grande eficácia . A Lista C tem muita gente com estas vontades, com ideias e projectos concretos, por isso aderi e naturalmente lhe dei o meu apoio."

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